Crianças sendo crianças – a lição que aprendi
Era um sábado à tarde e haviam quatro crianças na casa da minha vizinha.
Conheço apenas o José, que tem por volta de 3 anos. Suponho que dos quatro, o mais velho tinha não mais que 6 anos.
Os quatro corriam, gargalhavam e gritavam de alegria. E corriam de novo, riam a plenos pulmões e davam mais gritos entusiasmados.
Eram gargalhadas espontâneas, daquelas que não dá para não sorrir junto, mesmo havendo um alto muro entre nós. Ou seja, eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas eu me permiti deixar contagiar por aquela alegria tão pura e leve.
E essa brincadeira, que começou por volta das 4 da tarde durou até mais de 8 da noite.
E o mais incrível: não houve tanta alteração para menos no nível de intensidade da brincadeira e de alegria.
No começo, a brincadeira era básica, um tipo de corrida. Mas depois haviam também bexigas e uma bola.
Um detalhe importante: nenhum adulto reclamou do barulho que as crianças faziam. Ou seja, elas puderam ser crianças de verdade. Puderam ser espontâneas, viver o momento presente sem a ameaça de críticas, julgamentos ou comparações.
Hormônios do bem-estar e da felicidade
No dia seguinte, comecei a pensar nos 4 hormônios do bem-estar. Posso estar enganada, mas penso que nesse momento de grande diversão, eles conseguiram os 4.
Acompanhe meu raciocínio:
1) As endorfinas proporcionadas pela atividade física da corrida.
2) A oxitocina relacionada à conexão com outras crianças.
3) A serotonina resultante de tantas gargalhadas.
4) A dopamina gerada por esses momentos de intensa diversão.
Enquanto isso, para nós adultos, muitas vezes não é fácil conseguir ao menos um pouco de algum deles. Os 4 então de uma só vez e de uma forma tão natural, leve, simples e espontânea, quem consegue?
José é um menino que chora bastante, não gosta nem um pouco de ser contrariado. Mas, durante essas 4 horas, não o ouvi chorar nenhuma vez.
Pelo alto nível de diversão, é bem provável que esse momento fique gravado para sempre em suas mentes.
E no final, ainda teve um bolo de chocolate!
Com o tempo...
Com o tempo vamos perdendo a espontaneidade e a leveza.
Vamos perdendo o hábito tão natural de viver o momento presente, de viver um dia de cada vez.
Com o tempo, vamos perdendo a simplicidade, a alegria com as coisas simples da vida.
E tudo isso ocorre de uma forma tão sutil, que sequer nos damos conta...
Conforme o nível de descontentamento e tédio aumenta, ansiamos cada vez mais pelo novo.
E cada vez mais pelo novo que custa mais caro, na esperança de que a alta quantia dispendida na aquisição de bens materiais ou experiências alivie pelo menos um pouco a frustração de uma vida que já não tem mais o brilho de antigamente.
O simples que não satisfaz mais
O simples, o trivial, já não mais proporciona uma experiência significativa. Tampouco proporciona momentos agradáveis e aptos a se tornarem memoráveis.
A simplicidade e a leveza de mexer com a terra, de tomar banho de chuva, de ver o sol nascer ou a exuberante lua cheia já não oferecem mais o bem-estar de antes.
Muitas vezes, essas coisas simples até caíram no esquecimento, pois há tantas diversões mais interessantes e que trazem um pouco de bem-estar ao menos por algum tempo! Tais diversões aliviam a rotina sem graça e entediante do mundo atual.
A grande lição que aprendi
A leveza, a simplicidade e a espontaneidade precisam estar mais presentes na vida, na rotina, no momento presente.
É preciso voltar a maravilhar-se com o simples, com os detalhes presentes em toda a natureza, seja nos desenhos nas nuvens, nas delicadas borboletas ou em seu próprio olhar em frente ao espelho.
É preciso voltar ao básico, fazer o caminho de volta, questionar as próprias motivações frente ao consumo e dar mais atenção ao que realmente importa.
É preciso voltar a viver no momento presente com atenção e cautela, coerência e alegria, leveza e consciência de que cada momento é único e que merece ser vivido da melhor maneira possível.
Em suma, é preciso voltar aprender a viver. A viver de forma plena, leve e agradável como a vida merece ser vivida.
É preciso voltar a viver como José e seus amigos me ensinaram naquela tarde de sábado.
Após alguns imprevistos e defeito no computador, estou de volta com as postagens quinzenais no blog.
Créditos das imagens: Pixabay
Bom dia!
ResponderExcluirAcho fantástico como as crianças conseguem nos ensinar tanta coisa e de forma tão singela!
Já estava com saudades dos textos!
Uma ótima semana!
Falesaco
Falesaco,
ExcluirAs crianças são excelentes professoras, temos muito, muito mesmo a aprender com elas.
Muito bom e gratificante saber que gosta dos meus textos! 😊
Uma ótima semana para você também.
Boa tarde, Rosana
ResponderExcluirEstava sentindo sua falta, que bom que estás de volta, suas postagens são preciosas, aprendo muito por aqui. As crianças são maravilhosas, elas precisam brincar, sair do mundo da tecnologia, elas são simples, transparentes e leves, perdoam com facilidade, quanta coisa aprendemos com essa turminha. Precisamos viver o hoje da melhor forma possível, cultivando a simplicidade em todos os aspectos da vida, um forte abraço.
Lucinalva,
ExcluirEssa transparência das crianças é maravilhosa! Elas são excelentes professoras, precisamos estar atentos ao que podemos com elas aprender.
É muito bom saber que você gosta dos meus textos! Isso muito me incentiva a continuar escrevendo. 😊
Abraços!
Eu sempre adorei ver as crianças fazendo brincadeiras, risadas, sendo verdadeiramente crianças! è contagiante e ninguém consegue ficar indiferente à elas!
ResponderExcluirLindoi post e que bom voltaste! Eu também como viste, estou aqui, mas com apenas dois blogues! beijos,tudo de bom,chica
chica,
ExcluirCrianças sendo verdadeiramente crianças é algo contagiante mesmo, faz tão bem podermos apreciar esses momentos!
Estou acompanhando um de seus blogs, vou procurar o outro. 😀
Tudo de bom para você também!
Retribuo a visita ao meu blog.
ResponderExcluirNão encontrei onde lhe seguir, mas espero que você se junte aos meus amigos comedores de lasanha e me siga nessa minha experiência na blogosfera.
Abraços 🐾 Garfield Tirinhas.
Garfield Tirinhas,
ExcluirNo retorno ao Blogger, esqueci de criar novamente a newsletter. Vou ver como fazer novamente aqui. Agradeço por me lembrar!
Eu uso o Feedly (do Google também) para acompanhar os blogs que gosto. Foi lá que adicionei o seu também.
Seu blog é muito bom, gostei! :)
Abraços!
Rosana, Retribuo sua visita ao meu blog.
ExcluirAgora já estou entre seus amigos.
Venha se juntar aos meus amigos/amigas comedores de lasanha, agora nessa minha experiência na blogosfera.
Abraços 🐾 Garfield Tirinhas.
Querida amiga Rosana, tão bom ler algo leve num tempo de tantas notícias pavorosas de guerras e tal.
ResponderExcluirCriança perto de nós é uma motivação excepcional. Os hormônios firoa por você aqui da alegria ficam aflorados.
Lembro-me muito dos meninos pequenos...
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos de paz e bem
Roselia,
ExcluirE lembramos também de como éramos nessa fase: autênticos, transparentes e leves.
Espero que algum dia a humanidade entenda que não é por meio da violência que as coisas são resolvidas da melhor forma...
Beijinhos fraternos de paz e bem para você também!
Somos puro resultado dos hormônios. Mesmo não tendo conhecimento mais profundo desse assunto,sei que devemos viver o que eles nos dá para sentir a vida. Mas,o que estamos fazendo com as nossas próprias vidas?
ResponderExcluirAté logo!
Valdelice,
ExcluirE por sabermos que somos resultado dos hormônios, precisamos prestar muito mais atenção em quais deles mais ativamos no dia a dia.
Questionamento muito profundo e urgente o que colocou no final...
Em um mundo com tantas ilusões, distrações e irrelevâncias que ocupam cada vez mais de forma bem discreta e sorrateira o lugar do essencial,. precisamos também estar muito atentos, pois no final das contas, questionar o "modus operandi" do mundo atual pode ser muito útil para sairmos dessa frenética e interminável corrida de ratos.
Abraços!
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